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Medalha de ouro no Circuito Paulista, atleta pedala 20 km por dia para ir aos treinos de jiu-jítsu em projeto social: ‘Me tirou do fundo do poço’

Moradora de Itapetininga, Giovana Amaral de 15 anos é um dos destaques da sua categoria e já ganhou medalhas em diversas competições.

A medalha dourada pendurada no pescoço é a coroação do esforço diário da atleta Giovana Amaral, de apenas 15 anos, moradora de Itapetininga (SP). A jovem pedala diariamente 20 km para ir aos treinos. A premiação foi conquistada neste mês de março, na 1ª etapa do Circuito Aberto Paulista de Jiu-Jitsu, realizado pela Federação Paulista da modalidade.

“Eu pedalo 20 km todo dia para ir treinar faça chuva ou faça sol. É pra alcançar meu objetivo”
A determinação da atleta reflete também o desejo dela em se profissionalizar no esporte e ser espelho para outros. “Essa vontade vem de uma menininha que em 2018 se apaixonou pelo jiu-jitsu de tal forma que hoje ela quer ser reconhecida. Algumas crianças olham pra mim e falam que querem ser igual a mim quando crescer e isso é muito especial.”

A jovem faz parte do Projeto “Super Ação”, que é uma Escola de Artes Marciais gratuita, voltada para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, com funcionamento desde agosto de 2017. Os atletas recebem o apoio técnico do profissional de educação física, Roberto Franco, que realiza seu trabalho de forma voluntária.

Giovana Amaral começou a treinar aos 10 anos, e quem conheceu o projeto foi a mãe dela, Meire Amaral do Nascimento. “Eu fui procurar a escola do bairro para finalizar os meus estudos e lá conheci o projeto do professor Roberto, ela já tinha feito aulas de judô e achei que ela iria gostar, e ela se apaixonou”.

A atleta conta que mesmo ainda sendo muito jovem as aulas de jiu-jítsu ajudaram em muitos aspectos dentro e fora do tatame.

“Eu enxergo o esporte como uma grande oportunidade de vida e saúde, a minha saúde melhorou muito, meu condicionamento físico e também a minha mentalidade. O esporte me tirou do fundo do poço, tinha depressão, ansiedade e baixa estima. Hoje eu consigo socializar com as pessoas, me sinto mais bonita e bem comigo mesma. Meus pais me ajudam, eles sempre estão comigo em tudo”.

Giovana, além de ser exemplo para os mais novos atletas no desempenho nas lutas, quer ir além. “Quero ajudar as pessoas que estão na mesma situação que eu estava há 5 anos e meu objetivo é muito maior do que todas as pessoas que falam para eu desistir”.

A atleta relembra quais foram as competições e medalhas mais importantes até o momento na sua carreira. “Foram as três últimas etapas da federação Paulista do ano passado porque eu já estava com o cisto no joelho e mesmo assim eu não desisti. E também a 1ª etapa da semana passada, porque foi a primeira competição pós-cirurgia”.

A família chegou a mudar de cidade por um período e não foi empecilho para que Giovana parasse com os treinos. “Mudamos de cidade porque eu precisava cuidar da minha mãe e enquanto não encontrei uma escola para ela treinar, ela não sossegou”, relembra a mãe.

De volta para Itapetininga o endereço ficou distante da escola Super Ação, são 10 quilômetros de ida e 10 de volta.

“Não há nada que faça essa menina não ir treinar, ela estuda das 7h às 16h15. E todos os dias pedala a noite pra ir treinar das 19h às 21h. Eu fico preocupadíssima, mas ela faz questão de ir todos os dias, faça chuva ou faça sol. Hoje com o celular é mais fácil monitorar o trajeto. Também mando mensagem pro professor: ‘a Gi chegou?’”.
Para a mãe da atleta, o diferencial é que no projeto o trabalho vai além do treinamento do esporte. “O professor se envolve na vida dos alunos, cobra os resultados como frequência e notas na escola.”

Além disso, Meire conta os efeitos positivos do esporte. “Ela é muito determinada, por exemplo, para participar da 1° etapa do paulista tivemos que fazer um trabalho em equipe para custear a viagem. Fiz uma rifa com os produtos de crochê que eu produzi e ela fez pulseiras para vender na feira. Ela não desiste de ir atrás do resultado”.

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